Revista 107 - Educação



Revista do Farmacêutico 107
PUBLICAÇÃO DO CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Nº 107 - MAI - JUN - JUL / 2012

Revista 107 setinha Educação

 

Educação (Foto: Arina Zaiachin - Panthermedia / Arte: Ana Laura Azevedo)

Mudou, mas não chegou lá. As diretrizes curriculares para os cursos de Farmácia (Resolução CNE/CES nº 2/2002), implementadas a partir de 2002, tiveram como mérito atualizar o currículo farmacêutico, que demandava muito de uma revisão. Porém, um dos seus objetivos principais, o de priorizar a formação de um profissional generalista, de caráter humanista, com capacidade crítica e reflexiva, visando à atuação em todos os níveis de atenção à saúde, até agora não foi atingido.

Passados dez anos e após muitas discussões sobre este modelo de formação, no entendimento dos coordenadores da Comissão Assessora de Educação Farmacêutica (CAEF) do CRF-SP, não há muito o que comemorar, pois a maioria dos cursos de graduação no Brasil ainda está formando profissionais evidentemente técnicos e com pouca capacidade crítica e reflexiva.

Segundo a coordenadora da CAEF, dra. Danyelle Marini, os conteúdos dos cursos são abordados, geralmente, de forma teórica e, quando há aulas práticas, elas acontecem após a teoria, de forma isolada, não havendo a preocupação de articulá-las a outras disciplinas. A formação ainda provoca a repetição dos processos e desfavorece o questionamento e a reflexão sobre sua atuação, distanciando-o da realidade.

Na maior parte dos cursos de farmácia, a matriz curricular está organizada de forma que nos dois primeiros anos são ministradas as disciplinas consideradas básicas, das áreas de exatas, biológicas e humanas. Elas são seguidas por conteúdos intermediários para, finalmente, chegarem aos específicos, divididos em medicamentos, análises clínicas e toxicológicas e alimentos.

Esse modelo de educação está baseado na racionalidade técnica, como explicou a dra. Danyelle, e o farmacêutico formado neste conceito se distancia dos princípios preconizados pela reforma curricular. “É notório que o perfil do egresso e as características da profissão exigem mudanças no modelo de formação”, disse a professora.

A Comissão entende que o desafio das instituições será de repensar a organização do modelo de ensino, no qual o aluno aprende fazendo, o professor e discente trabalham em conjunto na sala de aula e fora dela e a criatividade e a capacidade de reflexão são os objetivos principais do processo de ensino e aprendizagem. “O profissional deve dar conta de enfrentar as situações que não se resolvem somente por meio de repertórios técnicos, mas também daquelas caracterizadas como incertas, instáveis, singulares, nas quais há conflitos de valor”, completou a vice-coordenadora da Comissão, dra. Marise Bastos Stevanato.

Sala de aula (Foto: CandyBox Images / Panthermedia)
”Queremos um professor que trabalhe em conjunto com os alunos, na sala de aula e fora dela”, dra. Marise B. Stevamato, vice-coordenadora da Comissão de Educação (Foto: CandyBox Images / Panthermedia)

Contribuições da comissão

 Para que os avanços na educação farmacêutica aconteçam, a Comissão Assessora de Educação Farmacêutica do CRF-SP vem  contribuindo desde sua criação, em 2001, com a promoção de fóruns, discussões e mesas-redondas com a finalidade de encontrar maneiras de aprimorar a qualidade do ensino. Como exemplo, promoveu o I Fórum de Implantação das Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Farmácia (2002) e o I Fórum de Educação Farmacêutica do Estado de São Paulo (2005). Os encontros resultaram em documentos que estão disponíveis no portal do CRF-SP, na página das comissões assessoras. Semestralmente promove Fóruns para discutir as Diretrizes Curriculares e participa do Congresso Paulista de Farmacêuticos, promovido a cada dois anos.

A partir das propostas apresentadas nesses encontros, o Conselho promove cursos e capacitações que abrem espaço para temas pouco desenvolvidos pelas instituições de ensino superior. A Comissão também aposta no aprimoramento do corpo docente. Para tanto, no mês de agosto, promoveu o “Projeto de capacitação docente em ensino superior: uso de metodologias ativas de ensino-aprendizagem”.

Carlos Nascimento

 

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